A vitrine colorida
Estou sentado na mesa do café, em meu redor vários são os cheiros que me invadem café, perfumes, tabacos e escapes da porta entreaberta. Os meus sentidos estão alerta, ouço quase todas as conversas em simultâneo o que faz com que não perceba nenhuma, o barulho das moedas em cima do balcão, o remexer e o mexer da louça, o senhor que mexe o café já faz cinco minutos, a farfalheira de um miúdo que pede esmola que toda a gente recusa. É então, que de relance, olho para a vitrina colorida e sem me aperceber tomo a mão do garoto e peço duas guloseimas de cada. Este estupefacto diz entre dentes "não fiz mal, Senhor", sem responder pego no saco, sento-me e divido como em criança de olhos vidrados o meu espólio colorido, o miúdo sem pestanejar agarra o seu séquito e prepara-se para me deixar dizendo "obrigado senhor" vezes sem conta e pergunto-lhe "e se comesses primeiro?" ao que me respondeu "os meus irmãos estão lá fora..." dei-lhe o meu saco, de repente deixou de fazer sentido, encostei-me na cadeira e revi a minha infância, uma teimosa lágrima saltou do meu olho e pensei em gritar:
Mãe!
e voltar à idade dos porquês...
1 comentário:
Porquê?
- pergunto eu.
Porquê?
Tanto para fazer.... ainda....
Beijos
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